“Ser um povo livre na nossa própria terra” –
o sonho de Hatikva Herz, encapsulado no hino nacional de Israel, era aquele que esperava um lar nacional para o povo judeu. Herzl sonhava com uma nação judaica unida na nossa própria terra. Mas se a nacionalidade é uma parte tão vital do sionismo, o que significa ser uma nação?
A porção da Torá desta semana, Bamidbar, encontra o povo judeu numa fase importante da sua viagem do Egipto a Israel. Deixando para trás a Revelação no Monte Sinai, eles estão prestes a embarcar na jornada através do deserto até a Terra Prometida. Em todas as etapas importantes da jornada, D'us nos ordena contar o povo judeu - após o êxodo do Egito, após o pecado do bezerro de ouro, e agora no início de uma nova etapa e no início de um novo livro da Torá.
Então, por que é que um censo é realizado em etapas importantes? Talvez a resposta esteja na própria natureza de um censo. Ao contar o povo judeu percebemos o seu tamanho, e assim apreciamos mais a sua existência. Na vida cotidiana podemos compreender o truísmo de que nada pode ser apreciado até que seja avaliado. O mesmo se aplica aqui. A viagem do Egipto a Israel é mais do que apenas uma viagem de férias, é um processo de transformação das Crianças de Israel numa nação. Não é de surpreender, então, que devamos contar as pessoas durante esta jornada, porque isso nos ajuda a apreciar e definir este processo.
Em Bamidbar, vemos um povo redefinido. O censo é feito de acordo com a tribo, de modo que cada tribo recebe um número total de pessoas. Isto pode parecer estranho. Por que não damos apenas um total final de todos? Parece que a ênfase na atribuição de pessoas às tribos é para enfatizar a diversidade entre os judeus. Cada tribo recebeu uma bandeira que representa sua característica única. A Torá mostra, pela forma como conta o censo, que não apenas cada indivíduo é importante, mas também que é importante manter a diversidade dentro de todo o povo judeu.
No entanto, esta diversidade não pode ser deixada descontrolada. Somos informados da formação exata em que as tribos devem estar no acampamento. As tribos são organizadas em grupos de três, cada grupo tendo uma posição específica. Assim, uma diversidade de características implica uma diversidade de papéis prescritos. Isto é enfatizado pelo fato de os levitas serem escolhidos no censo. Esses servidores no Templo não têm posição especial e são contados de forma diferente. Eles têm um papel específico, mas mesmo assim fazem parte do povo judeu. A diversidade exige papéis diversos.
Assim, antes que o povo judeu possa tornar-se uma nação na sua própria terra, eles devem descobrir o que significa ser uma nação. Isso significa perceber a importância e a responsabilidade da divergência dentro de um povo. Qualquer pessoa que visite Israel hoje ficará impressionada com a divergência da população. Assistimos a uma verdadeira “reunião dos exilados” do mundo inteiro. Cada tipo diferente de judeu está representado ali, e é um espetáculo lindo de se ver. Esta divergência é a verdadeira realização do antigo sonho judaico expresso por Herzl, “ser um povo livre na nossa própria terra”.