Todos os profetas exortaram Israel ao arrependimento, mas não como Oséias. Jeremias e Isaías não ensinaram a Israel o que dizer, enquanto Oséias os ensinou como apaziguar a Deus: “Diga-lhe: 'Perdoa toda a iniqüidade...'” (Oséias 14:3). Além disso, Oséias declarou que Israel era apenas um tropeço, como está escrito: “Vocês tropeçaram na sua iniqüidade” (Pesikta Rabbati 44:23).
O Santo, Bendito seja Ele, disse a Rúben: “Você foi o primeiro a se arrepender. Pela sua vida, seu descendente será o primeiro a exortar ao arrependimento.” Isto se refere a Oséias, que disse: “Volta, ó Israel” (Oséias 14:2) (Bereshit Rabbah 84:19).
Comparado ao amor que Moisés expressou para com o povo de Israel, e comparado ao desprezo que Balaão expressou para com eles, Oséias era neutro em relação a Israel: ele não os amava nem os odiava (Bamidbar Rabbah 2:17).

Estamos no oitavo século AEC; o Reino do Norte de Israel está a ser ameaçado pelos Assírios e está à beira do colapso. Oséias, filho de Beeri, é escolhido, no início de seu ministério, para representar os pecados e desobediências do povo judeu por meio do casamento com uma prostituta. Obedientemente, ele segue o imperativo divino e, casando-se com Gômer, eles presidem o nascimento de dois filhos, Jezreel e Lo-ammi, e de uma filha, Lo-ruhamah. A progênie tem destinos específicos e simbólicos. Jezreel acabará com o reino de Jeú. Lo-ruhamah, que significa “aquele que não obteve compaixão”, e Lo-ammi, que significa “não é meu povo”, representam a rejeição do Senhor a Israel.
Existem sacrifícios que alguém faz ao assumir o papel de profeta. Jeremias não tem família. Igualmente impressionante é a punição do Senhor a Oséias através de uma união proibida. Em cada caso, porém, a miséria e a infelicidade do profeta estendem-se ao seu povo. Ou seja, nosso povo é visto através da carreira sofrida do profeta; não é o contrário.
Isto não é de forma alguma uma mitigação dos pecados que Israel cometeu, que são cuidadosamente enumerados e ensaiados por Oséias e pelos seus onze colegas proféticos a seguir. Em vez disso, transmite mais evidências do brio literário dos autores bíblicos. Oséias é talentoso. Sua brevidade não deve ser confundida com sua estatura. Ele critica a infidelidade de Israel, sua adoração a Baal, e lamenta a perda da adoração a Yahweh. Ele é severo, inflexível e, ainda assim, finalmente tipifica o profeta de Israel. Isto é, ele oferece consolo – a oportunidade para Israel se arrepender e receber o favor e a bênção de Deus mais uma vez. Essas palavras têm um significado particular no Judaísmo, pois no Sábado do Arrependimento, a Haftarah começa com Oséias 14:2:
Volta, ó Israel, ao Senhor teu Deus;
Porque tropeçaste na tua iniquidade.
Oséias, sofredor a favor e contra Israel, amante e castigador do nosso povo.